The Supermãe

Diz a lenda, que no final dos anos 1960, o Super-Homem apresentou ao mundo, retumbantemente resignado, a existência de uma mulher que o superprotegia com poderes ilimitados: a Supermãe. Nasciam nas páginas do Jornal do Brasil, Dona Clotilde e Carlinhos. Teria também Clotilde vindo de Kripton? Seria Carlinhos o verdadeiro nome de Clark Kent?

Ziraldo, humildemente, se autoconsiderava uma supermãe, e sua mãe, D. Zizinha, embora tivesse o biotipo da heroína, jamais assumiu seus superpoderes. Espontânea e criativa, quando a saudade apertava, vestia três vestidos, um em cima do outro, e embarcava no ônibus rumo ao Rio de Janeiro para visitar o filho. Nenhum dos vestidos escondia o “S” e nem a capa da Supermãe.

Quando Ziraldo, aos 15 anos, se mudou para o Rio – encorajado por D. Zizinha – a fim de completar os estudos, foi acolhido por sua avó “Vozinha” e suas tias que com ela dividiam um apartamento no bairro da Lapa. Mesmo com os bons tratos e os paparicos, aprendeu a se virar sozinho desde cedo e achava muito engraçado seus novos amigos cariocas, “marmanjos” totalmente dependentes das mães. Segundo ele, a semente da Supermãe foi plantada após essa constatação.

THE SUPERMÃE estampou as páginas do Jornal do Brasil e da Revista Claudia, entre 1968 e 1984. Ela conseguiu unir vários elementos do repertório gráfico adquirido por Ziraldo. Estão ali a narrativa estruturada em quadrinhos, os traços vigorosos e aparentemente simples, a anatomia peculiar que se tornou sua marca registrada e a grafia feita à mão do título, sempre utilizando tipografias diferentes. Além do vasto repertório tipográfico nos balões de fala.

A heroína é, assim como vários outros da galeria de personagens de Ziraldo, inspiradora, carismática e atemporal. Em 2019 algumas histórias foram selecionadas para o Almanaque The Supermãe, comemorando seus 50 anos.